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Sexta Temporada, Episódio 5 - Lighthouse
Escrito por: Carlton Cuse & Damon Lindelof
Dirigido por: Jack Bender
Primeiro Ato[]
[Vemos quadros sobre uma mesa, fotos de Jack com seus pais. Barulho de porta sendo fechada, e Jack entra no apartamento. Ele entra no quarto, troca de roupa, e lava o rosto, e então encara com estranheza uma cicatriz no seu abdômen. O telefone celular toca...]
JACK: [atendendo] Hei, mãe.
MARGO: [na linha] "Já o acharam?"
JACK: Não. Liguei há umas duas horas, e eles acham que o caixão foi enviado à Berlim.
MARGO: "Como se perde um corpo?"
JACK: Eu não sei, mãe. Mas, não há nada que possamos fazer, exceto esperar por mais informações.
MARGO: "Eu não quero esperar, Jack. Como conseguirei fazer qualquer coisa? Eu não consigo nem achar o testamento dele. Tem papel para todos os lados."
JACK: Uhm... mãe, eu passarei aí daqui a algumas horas, e procuraremos juntos, ok?
MARGO: "Ok."
JACK: Ótimo. Mãe, quando eu tive o meu apêndice retirado?
MARGO: Você tinha 7, ou 8 talvez, você desmaiou na escola. Seu pai queria fazer a cirurgia, ele mesmo, mas não deixaram. Você não se lembra?
JACK: Sim, eu... acho que sim. [Jack vê um relógio na mesa, marcando duas horas e cinquenta minutos.] Droga. Mãe, eu preciso ir.
MARGO: Oh... não esqueça de ligar... [Jack desliga o telefone e com pressa deixa o apartamento.]
--
[Jack dirigi sua caminhonete até uma escola, St. Mary's Academy. Ele sai do carro e vai de encontro a um garoto (13 anos) sentado no meio da escadaria, ouvindo algo nos fones de ouvido. O jovem se levanta rapidamente ao ver Jack.]
JACK: Hei! Me desculpe pelo atraso. Achei que daria tempo de ir em casa, e me trocar, depois do trabalho.
DAVID: Não se preocupe. [ignorando Jack]
JACK: Me desculpe, David. Ok?
DAVID: Ok, pai.
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[Jack está olhando o lago em frente ao templo, chove levemente. Dogen vem até o seu encontro.]
DOGEN: Eu estava temeroso que tivesse partido.
JACK: Partir é uma opção?
DOGEN: Tudo é uma opção, mas aí eu teria que impedi-lo.
[Os dois se sentam em pedras próximas ao lago.]
JACK: Bem, aprecio sua honestidade.
DOGEN: Seus amigos, Ford, e Austen e Kwon, não irão voltar, vão?
JACK: Não. Provavelmente, não.
DOGEN: Eu aprecio sua honestidade.
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[Hurley e Miles estão jogando jogo-da-velha com gravetos e folhas.]
HURLEY: Empatou de novo, cara.
MILES: Que chocante. Já chega para mim.
HURLEY: Está com fome?
MILES: Você está?
HURLEY: Eu comeria.
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[Hurley entra no templo, passando pela fonte. Há um homem agachado perto da água.]
HURLEY: E aí, cara. Você sabe se existe uma cozinha, neste lugar?
JACOB: É indo pelo corredor, Hugo.
[Hurley percebe que o homem é Jacob.]
HURLEY: Cara, o que faz aqui?
JACOB: Estou aqui porque preciso de você.
HURLEY: Para quê?
JACOB: Você deveria pegar uma caneta. Vai ter que anotar algumas coisas.
HURLEY: Que tipo de coisas?
JACOB: Alguém está vindo para a ilha. Eu preciso que você os ajude a encontrá-la.
LOST
Segundo Ato[]
[David entra no quarto do apartamento de Jack, retirando o seu material escolar da mochila. Ele senta em uma escrivania e começa a folhear um dos livros.]
JACK: [apontando para a TV] Coloquei a TV a cabo aqui, para você assistir os Red Sox se quiser.
DAVID: [ainda com os fones] Obrigado.
[Jack pega um dos livros que David deixou em cima da cama, uma versão comentada de "Alice no País das Maravilhas".]
JACK: Você está lendo isso?
DAVID: Estou.
JACK: Costumava ler isso pra você, quando era pequeno. Sempre queria ouvir sobre Kitty e Snowdrop. [David fecha o livro e sai do quarto, ignorando Jack.] Eles eram os... Hei?
[Jack segue seu filho até a cozinha]
JACK: Hei? David? David?
[Jack toca em David e sinaliza para que ele tire os fones de ouvido.]
JACK: O que você está escutando?
DAVID: [sem os fones] Você não conhece eles.
JACK: Só estou tentando ter uma conversar com você, David.
DAVID: Por quê? A gente se vê uma vez por mês. Não podemos apenas... acabar com isso?
[O telefone celular de Jack toca.]
JACK: Droga. [ele atende a ligação] Sim, mãe?
MARGO: "Onde você está? Pensei que estava vindo."
JACK: Me desculpa, estou indo agora mesmo. Já estarei aí.
MARGO: "Ok." [Jack desliga]
[David está pegando biscoitos para acompanhar o refrigerante que havia pego da geladeira.]
JACK: Preciso ir à casa da sua avó. Quer vir?
DAVID: Não, obrigado. [ele deixa a cozinha]
JACK: Certo... bem, voltarei em uma hora, e então iremos comer, ok?
DAVID: Ótimo. [dando as costas para Jack]
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[No templo, Jack ainda está sentado na pedra perto do lago. Sayid se aproxima, e ao passar, os Outros o encaram.]
SAYID: Jack?
JACK: Sayid.
SAYID: Por que estão todos me encarando?
JACK: Apenas os ignore.
SAYID: Olha, você me disse que essas pessoas acham que tenho uma infecção. Que eles queriam me dar uma pílula misteriosa, que você me instruiu a não tomar, e então você desapareceu. O que está escondendo de mim?
JACK: A pílula era veneno. Eles queriam que eu te matasse. Seja lá o que eles acham que aconteceu com você, Sayid, eles dizem que aconteceu com outra pessoa, também.
SAYID: Quem?
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[Na selva, Claire se aproxima de Jin, que tem a perna presa em uma armadilha.]
JIN: Claire!
[Claire finca uma haste de ferro no chão, e verifica o corpo de Justin. Ela dá um chute nele, que não reage. Claire volta para perto de Jin.]
CLAIRE: Eu vou te tirar daí.
[Ela usa a haste de ferro para abrir a armadilha.]
JIN: Há quanto tempo tem estado aqui?
CLAIRE: Desde que vocês todos partiram. A quanto tempo foi isso?
JIN: Três anos.
CLAIRE: Tenho que te levar para um lugar seguro. Vamos, acha que pode andar?
JIN: Eu não sei.
[Claire ajuda Jin a se levantar, mas este acaba caindo novamente.]
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[No templo, Hurley está andando pelos corredores internos. Ele segue as instruções de Jacob, anotadas a caneta em seu braço. Ele encontra um símbolo em específico na parede, e então...]
DOGEN: O que está fazendo?
HURLEY: Nada. Apenas... você sabe, olhando. Porque sou um grande fã de templos, e tipo... história... Indiana Jones, e essas coisas.
DOGEN: Você não devia estar aqui. Volte para o pátio.
JACOB: [aparecendo apenas para Hurley] Diga que você pode fazer o que quiser. Diga que você é um candidato.
HURLEY: Sou um candidato, e eu posso fazer o que quiser.
DOGEN: Quem lhe disse isso?
[Hurley olha para Jacob, esperando instruções, mas continua por conta própria.]
HURLEY: Não importa. Por que não volta, você, ao pátio?
DOGEN: [em japonês] "Você tem sorte que devo te proteger. Do contrário, cortaria sua cabeça fora."
[Dogen se retira.]
HURLEY: O que ele disse?
JACOB: Você não vai querer saber. O que faz aqui, Hugo?
HURLEY: Indo pela passagem secreta como você me disse.
JACOB: Eu disse para trazer o Jack com você.
HURLEY: Ok, já tentou convencer o Jack a fazer algo? É tipo, impossível. Eu posso, tipo ir sozinho.
JACOB: Precisa levá-lo com você, Hugo.
HURLEY: Ok, já era bom o suficiente você me ter feito anotar tudo isso. E agora eu acabo de mentir para um samurai. Olha, se tem alguma idéia de como fazer o Jack se juntar a sua pequena aventura, eu estou escutando, cara.
[Jacob ensaia um sorriso.]
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[No lado de fora, Jack está sentado em um banco, descascando uma manga. Hurley se aproxima, e tenta disfarçar.]
HURLEY: Fique tranquilo, cara. Aja naturalmente.
JACK: O quê?
HURLEY: Cara, fale baixo. Eu vou levantar e sair, espere 10 segundos, e então me siga.
JACK: Segui-lo para onde?
HURLEY: Eu achei um túnel secreto que nos levará para a selva.
JACK: Você achou um túnel secreto?
HURLEY: Bem, Jacob me contou sobre ele. Disse que eu e você devemos partir.
JACK: Eu não vou a lugar nenhum, Hugo.
HURLEY: Eu disse que você diria isso, então ele me mandou te contar que... "você tem o que é preciso."
[Jack fica intrigado e se levanta.]
JACK: O que você acabou de dizer?
HURLEY: Que você tem o que é preciso, ele disse que você saberia o que significa.
[Jack se levanta]
JACK: Onde está ele?
HURLEY: O quê?
JACK: Jacob. Onde ele está?
HURLEY: Ele está meio que morto. Aparece quando quer, tipo Obi-Wan Kenobi... mas se você quer falar com ele, ele estará onde vamos, cara.
JACK: Bom, então vamos ver o Jacob.
Terceiro Ato[]
[Jin acorda dentro de uma tenda, sua perna está bem machucada.]
JIN: Claire?
[Jin se levanta e vê uma caixa de dinamite; livros (infantis aparentemente); material cirúrgico; e um remo, que ele usa para sustentar-se de pé. Em seguida vê um berço azul, com uma proteção contra mosquito em cima. Jin se aproxima e remove a proteção, vendo um animal morto, configurado de forma a lembrar um bebê.]
CLAIRE: [se aproximando] Vamos, entre aí.
[Jin deita-se novamente. Claire chega trazendo Justin para a tenda.]
CLAIRE: [apontando a arma para Justin] Então... olha o que eu achei, um dos homens que tentou te matar. Ele estava se fingindo de morto, mas não estava. Agora, poderemos conversar com ele.
[Claire acerta Justin com o rifle na parte de trás do joelho. Justin cai, e Claire o coloca sentado.]
JUSTIN: Quer falar comigo sobre o quê?
CLAIRE: [amarrando Justin] Sobre onde esconderam o meu filho.
[Claire termina de amarrar Justin, que sente a pressão sobre a ferida.]
CLAIRE: [para Jin] Precisamos limpar isso. Se há uma coisa que mata por aqui, é infecção. Volto logo. Não se mexa, ok?
JIN: Claire? Esteve aqui esse tempo todo, sozinha?
CLAIRE: Oh... eu... não estou sozinha.
[Claire se retira levando o rifle, e uma caixa.]
JUSTIN: Olha... temos que sair daqui, agora.
JIN: Está tudo bem. Eu a conheço.
JUSTIN: Não, eu a conheço. Faz idéia do que ela fará conosco? Se não sairmos daqui, agora, ela matará nós dois.
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[Hurley e Jack estão andando pela mata, seguindo um riacho. Eles chegam em uma bifurcação, e Hurley interrompe a caminhada.]
JACK: Para que lado?
[Hurley olha as instruções de Jacob no braço.]
HURLEY: Para esse lado.
[Eles continuam na margem do riacho. Jack vê uma mochila nas pedras, e mais abaixo, está Kate, pegando água com o cantil. Kate reage rápido e saca a arma.]
JACK: Wow! Hei! Sou eu. [Kate abaixa a arma]
KATE: [aliviada] Jack!? Eu quase atirei em você.
JACK: Percebi. O que faz aqui? Onde... onde estão Jin e Sawyer?
KATE: Jin voltou para o templo, e... Sawyer está por conta própria.
HURLEY: Hei, Kate. Tem uma porta secreta para voltar ao templo, no muro norte, perto da árvore grande...
KATE: É... Eu não vou voltar ao templo. Eu vou achar a Claire.
JACK: Kate...
KATE: Vou voltar ao acampamento da praia. Ela ainda deve estar lá...
JACK: Kate, ela não está na praia. As pessoas no templo disseram que algo... algo aconteceu com ela.
KATE: Eles sabem onde ela está?
JACK: Não sei. Eles não disseram.
KATE: Eu... eu tenho que encontrá-la. [Kate se vira e começa a andar]
JACK: Kate? Espere, espere. Venha conosco, e depois voltaremos juntos ao templo.
HURLEY: [interrompendo] Cara, Jacob disse só eu e você. Ela tipo... não foi convidada.
JACK: Eu a estou convidando.
KATE: Jack, tudo bem, apenas vão. Está tudo certo. Espero que achem o que estão procurando.
[Kate se retira.]
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[Flash-Sideway]
[Jack chega com sua caminhonete na casa dos pais.]
[Lá dentro, Margo e Jack procuram pelo testamento no escritório de Cristian.]
MARGO: Nunca iremos encontrar.
JACK: Vai com calma, mãe. Está em algum lugar aqui, e nós encontraremos.
MARGO: É como uma agulha em um maldito palheiro. Por que seu pai não deu o testamento para o advogado dele, é um mistério pra mim.
JACK: Bem, por que ele facilitaria para nós, agora?
[Margo pega uma garrafa de bebida.]
MARGO: Você quer uma bebida?
JACK: Uh... não. Não, obrigado.
MARGO: Bom para você.
[Jack ri]
MARGO: Como o David está encarando?
JACK: Como é?
MARGO: Ele estava muito aborrecido no funeral.
JACK: Ele estava?
MARGO: Ele não lhe disse?
JACK: Não. Não disse. Comunicação não é o forte dele.
MARGO: Bem, é coisa da nossa família. Quando você tinha a idade do David, seu pai tinha sorte se conseguisse uma palavra sua por vez.
JACK: Isso é porque eu morria de medo dele, mãe.
MARGO: Como sabe se David não tem medo de você?
JACK: Por que ele teria?
MARGO: Não sei, Jack. Talvez, devesse perguntar a ele.
[Margo olha envelopes na estante, e retira um com detalhes em verde.]
MARGO: Achei. "Últimas vontades e testamento."
[Margo abre o envelope e começa a ler o documento, parecendo intrigada com algo.]
MARGO: Jack?
JACK: Sim?
MARGO: O seu pai alguma vez mencionou uma Claire Littleton?
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[Claire está do lado de fora da tenda, colocando o material cirúrgico em água fervente, e afiando o seu machado.]
[Dento da tenda...]
JUSTIN: Hei... me desamarre, antes que ela volta.
JIN: Por que eu faria isso?
JUSTIN: Não está me ouvindo? Ela matará a nós dois. Afrouxe as minhas cordas, e quando ela voltar, eu quebro o pescoço dela.
CLAIRE: [voltando] Então... Eu... eu lamento muito que você tenha ficado preso na minha armadilha. Eu vou te limpar, agora, ok?
[Claire derrama água na ferida de Jin, que sente a dor.]
CLAIRE: Está tudo bem. Você está indo bem. Bem, pelo menos você não precisa se costurar. Eu tive que fazer isso uma vez. Atiraram em mim, bem aqui. [apontando para a perna]
JIN: Esteve vivendo aqui, desde que partimos? [Jin sente a dor]
CLAIRE: [costurando Jin] Nem sempre aqui. Eu... eu tive que me mudar bastante, para me esconder deles. [para Justin] Tenho sorte de ainda estar viva.
JIN: O que fará com ele?
CLAIRE: Ele irá me dizer onde estão com meu bebê... onde estão com o Aaron.
JUSTIN: Nós não temos o seu filho.
CLAIRE: Você está mentindo, ok!? Eu sei que estão com ele!
JUSTIN: Está louca. Nós nunca o pegamos.
CLAIRE: Cale-se.
JIN: Claire, como sabe que o pegaram? Como pode ter tanta certeza?
CLAIRE: Como posso ter tanta certeza? Bem, primeiro o meu pai me contou, depois meu amigo me contou. Então, eu tenho bastante certeza.
JIN: Seu amigo? Quem é seu amigo?
CLAIRE: Meu amigo. Você ainda é meu amigo, não é, Jin?
JIN: [estranhando] Sim... sim, é claro.
CLAIRE: Que bom. Fico feliz.
[Claire termina de costurar a perna de Jin.]
CLAIRE: Muito bem. Como se fosse nova. Ok...
[Claire pega o machado.]
CLAIRE: [para Justin] Então... agora, é a sua vez.
Quarto Ato[]
[Jack e Hurley continuam a caminhada pela selva.]
HURLEY: Desculpa, cara.
JACK: Pelo quê?
HURLEY: Sabe, pelo que aconteceu lá atrás. Estragar o seu lance com a Kate.
JACK: Não se preocupe com isso. Não sobrou nada para estragar.
HURLEY: É? O que aconteceu com vocês dois? Eu pensei que vocês iam casar e ter tipo uma dúzia de filhos.
JACK: Acho que não sirvo para isso.
HURLEY: Sério? Eu acho que você daria um ótimo pai.
JACK: Eu daria um terrível pai.
[Jack pisa em algo, e se abaixa para pegar. Ele examina o objeto.]
HURLEY: O que é isso?
JACK: Um inalador para asma.
HURLEY: Cara, é da Shannon.
[Jack olha a área em que eles estão.]
JACK: Estamos nas cavernas.
HURLEY: As cavernas em que vivíamos?
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[Dentro das cavernas, Hurley observa os esqueletos - Adão e Eva.]
HURLEY: Eu esqueci totalmente que eles estavam aqui, cara. Espera um segundo... E se viajarmos pelo tempo de novo? Para, tipo, era dos dinossauros... e aí morremos, e então fomos enterrados aqui? E se estes esqueletos forem nós?
[Jack está concentrado em algo.]
HURLEY: O que é isso?
JACK: Eu te contei como encontrei este lugar?
HURLEY: Você estava procurando por água, certo?
JACK: Não. Eu estava perseguindo o fantasma do meu falecido pai. [Jack ri] Ele me trouxe até aqui. Este era o caixão dele, antes de eu o despedaçar.
HURLEY: Por que você faria isso?
JACK: Porque ele não estava dentro.
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[Flash-Sideway]
[Jack chega no apartamento trazendo uma Pizza e latinhas de refrigerante.]
JACK: David? Eu trouxe pizza!
[Jack procura por David no apartamento.]
JACK: Hei, o jantar...
[David não está no quarto. Jack pega o telefone celular e disca um número.]
DAVID: [secretária-eletrônica] Aqui é o David. Deixe uma mensagem. [bipe]
JACK: David, s-sou eu de novo. Escuta... se eu fiz algo para te aborrecer, eu sinto muito, muito mesmo...
[Jack dirige pelo subúrbio até uma casa. Ainda escutamos Jack deixando a mensagem na secretária eletrônica...]
JACK: [V.O] "Eu vou passar na casa da sua mãe. Eu sei que é fora da cidade, então se você está aí, apenas... apenas não saia para lugar algum, ok? Seja... seja lá o que eu fiz, eu lamento."]
[Jack sai do carro e vai até a porta da casa. Ele bate, mas ninguém atende. Ele pega uma chave reserva embaixo de um vaso. Jack usa a chave para entrar na casa.]
JACK: David?
[Jack entra no quarto de David, e vê algumas partituras para "Fantasie Impromtu" do Chopin. As folhas estão com anotações a caneta. Ele vê uma série de fotos 3x4 dele com David, fixadas no espelho. Jack checa a secretária eletrônica de David...]
MSGM 1 NA SECRETÁRIA: "Ah sim, essa mensagem é para David Shephard. Oi David, aqui é o Dr. Summerland do conservatório William. Estou ligando para confirmar sua sessão na sexta-feira, 24, ás 7 da noite. Estamos esperando você, e boa sorte."
MSGM 2 NA SECRETÁRIA: [voz do Jack] Hei, David. É o seu pai. Eu... eu estou em Sidney, Austrália. Algo... algo aconteceu... e eu... eu só precisava escutar sua voz. Uhm... eu acho que vou tentar de novo mais tarde. Te amo.
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[Jack e Hurley continuam a trilha depois de passarem pelas cavernas.]
HURLEY: Isso é legal, cara. Como nos velhos tempos.
JACK: O quê?
HURLEY: Sabe, você e eu andando pela selva, a caminho de fazer algo que não entendemos direito. Bons tempos. Posso perguntar algo?
JACK: Claro.
HURLEY: Porque você voltou, sabe, para a ilha?
JACK: Por que você voltou?
HURLEY: Em L.A, Jacob entrou no meu táxi, e me disse que eu deveria, então eu vim.
[Jack acha engraçado.]
HURLEY: O quê? Se você tem um bom motivo para ter voltado, vamos escutar, cara.
JACK: Eu voltei aqui porque estava arrasado. E eu fui burro o bastante para achar que este lugar poderia me consertar.
HURLEY: Cara, eu sinto muito.
JACK: Quanto falta, Hurley?
HURLEY: Não falta muito. Não falta muito mesmo.
[Hurley e Jack encontram um farol antigo na costa da ilha.]
HURLEY: Esta ali. É um farol.
JACK: Eu não entendo. Como nós nunca o vimos antes?
HURLEY: Acho que não estávamos procurando por ele.
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[Na tenda, Claire interroga Justin.]
CLAIRE: Me Diga, onde está o meu filho.
JUSTIN: Eu não sei onde seu filho está.
CLAIRE: Pare de mentir para eles. Eles não vão mais te ajudar. Tudo que precisa fazer é me dizer a verdade.
JUSTIN: Estou te dizendo a verdade. Nós não estamos com seu filho. Nós nunca estivemos com seu filho.
CLAIRE: Pare de mentir para mim! Vocês me levaram para o templo, e me torturaram.
JUSTIN: Não, nós a capturamos porque você estava na mata atacando a gente.
[Claire balança o machado para golpear Justin.]
JIN: Claire, espere! Espere!
CLAIRE: Esperar? Jin, eles me furaram com agulhas. Ele me marcaram [Ela mostra uma cicatriz no ombro] E se eu não tivesse conseguido fugir, eles teriam me matado.
JUSTIN: Não, você não está lembrando das coisas direito.
CLAIRE: Olha, cale-se, ok!? Você tem mais uma chance. Mais uma chance... apenas me diga onde está o meu filho.
JUSTIN: Eu não sei onde está o seu maldito filho.
[Claire balança o machado novamente...]
JIN: Kate! Kate o levou! Kate levou o Aaron. Ela o levou com ela quando deixou a ilha.
CLAIRE: Como assim, ela o levou?
JIN: Ele esteve com ela, com Kate, pelos últimos três anos. Aaron tem três anos.
JUSTIN: Ele está dizendo a verdade. Nós não tivemos nada haver com isso. Então, se você apenas me soltar, eu vou embora, e prometo que nunca contarei que sequer te vi. Apenas me desamarre.
[Claire parece abalada, ela fica pensativa por um momento e então... golpeia Justin abaixo do peito, com o machado. Justin morre, e Claire sai da tenda, deixando Jin sozinho.]
Quinto Ato[]
[Hurley e Jack chegam na entrada do farol.]
HURLEY: Bem legal, huh?
JACK: Jacob está aqui?
HURLEY: Acho que sim. Primeiro, temos que subir e ligar essa coisa. [Hurley tenta abrir a porta, mas esta trancada]
JACK: Diz alguma coisa, no seu braço, sobre a porta estar trancada?
HURLEY: Não.
[Jack arromba a porta com um chute.]
JACK: Depois de você.
[Eles entram no farol.]
---
[Flash-Sideway]
[Jack chega no conservatório William. Lá dentro, David está se apresentando em um recital de piano. Jack fica fascinado pela performance de seu filho.]
GAROTO: É o seu filho?
JACK: [percebendo o garoto] Sim.
GAROTO: Ele é muito bom.
[O garoto se retira, parando por um momento para conversar com seu pai na entrada. Jack passa pelo pai do garoto...]
DOGEN: Ele são muito jovens para ter que passar por esse tipo de pressão, não são?
JACK: Sim. Sim eles são.
DOGEN: É duro assistir e não poder ajudar. O seu filho tem um dom. A quanto tempo ele toca?
JACK: Eu... eu não sei.
---
[Jack e Hurley chegam no topo do farol. Lá em cima, vemos um grande mecanismo composto de uma roda dentada, um fogareiro, e espelhos.]
HURLEY: Whoa! Cara, isso é legal. Deve ter sido construído para ajudar navios a chegarem aqui, e tal. Acho que usavam espelhos porque a eletricidade não havia sido inventada ainda.
JACK: Cadê o Jacob?
HURLEY: Ahh... Ele ainda não chegou. Vamos começar.
[Hurley lê as instruções no braço e começa a puxar uma corrente que faz os espelhos se deslocarem ao redor do mecanismo, um grau dos 360 por vez.]
HURLEY: Me diga quando chegar em 108 graus.
[Os espelhos começam a refletir imagens de locais distantes, como uma construção asiática, e uma casa.]
JACK: Pare! Você viu isso?
HURLEY: Vi o quê?
JACK: O espelho. Eu vi algo no espelho.
HURLEY: É apenas o oceano, cara.
[Jack vê os nomes ao redor do mecanismo, cada um representando um grau na circunferência. Alguns estão riscados, como os nomes na caverna do penhasco.]
JACK: Esses são os nossos nomes. [ele vê 23 Shephard] Vire para 23 graus.
HURLEY: Eu... eu não acho que Jacob queira...
[Jack agarra a corrente e começa a girar os espelhos para a posição 23. Um imagem aparece refletida, é a casa de seus pais.]
HURLEY: O quê... O quê é isso?
JACK: É a minha casa. É a casa em que cresci.
HURLEY: Oh. Isso é estranho.
JACK: Não moro nessa casa desde que eu era garoto. Ele esteve observando. O tempo todo. Todos nós. Ele esteve nos observando. Hurley, onde está Jacob?
HURLEY: Eu não sei.
JACK: Você disse que ele estaria aqui.
HURLEY: Bem, eu estava... meio que... presumindo.
JACK: Hurley, eu quero saber por quê ele estava me observando. Eu quero saber. Então, você vai perguntar agora mesmo.
HURLEY: Não funciona assim. Eu te disse. Ele só tipo... aparece quando sente vontade.
[Descontente, Jack pega um telescópio e volta para Hurley.]
HURLEY: O que está fazendo?
JACK: Por que ele estava me observando?
HURLEY: Eu não sei.
JACK: Por que o meu nome está escrito nessa coisa?
HURLEY: Ele não me contou.
JACK: O que ele quer de mim?
HURLEY: Eu apenas deveria...
JACK: [gritando] O que ele quer de mim!?
HURLEY: [gritando] Eu não sei, Jack!
[Jack parte para cima dos espelhos com o telescópio.]
HURLEY: Não!
[Jack quebra os espelhos, e então larga o telescópio no chão.]
Sexto Ato[]
[David está preparando a bicicleta para ir embora, depois de seu recital no conservatório.]
JACK: [se aproximando] Você esteve ótimo lá dentro.
DAVID: Você... me viu? Eu errei algumas notas.
JACK: Pareceu perfeito de onde eu estava. David, você me matou de susto.
DAVID: Você estava na vovó. Eu pensei que poderia voltar, antes de você chegar em casa.
JACK: Eu não sabia que você ainda tocava.
DAVID: Eu fiz a mamãe prometer não contar.
JACK: Por quê?
DAVID: Era tão importante pra você. Você costumava sentar e me assistir praticar. Você era tão... atencioso. Eu não te disse que viria aqui porque... eu não queria que me visse falhar.
JACK: Sabe, quando eu tinha sua idade, meu pai não queria me ver falhar, também. Ele costumava dizer que... ele dizia que eu não tinha o que é preciso. Eu passei a minha vida inteira, carregando isso comigo. Eu não quero que você se sinta assim. Eu sempre vou te amar, não importa o que você faça. Aos meus olhos, você nunca falhará. Eu só quero fazer parte da sua vida.
DAVID:[sensibilizado] Ok.
JACK: Eu levei Pizza lá pra casa. Está com fome?
DAVID: Claro.
JACK: Ótimo. Vamos para casa.
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[Jack está sentado a beira de um penhasco com o olhar distante. Hurley continua perto do farol...]
JACOB: [reaparecendo] Como foi?
HURLEY: Onde você estava, cara?
JACOB: Não importa. Ele não conseguiria me ver de qualquer forma.
HURLEY: Sim, bem, se você me contasse isso e eu tipo... explicasse tudo, então talvez, Jack não teria pirado e despedaçado o seu espelho em um bilhão de pedaços. Obrigado pelos sete anos de azar, por sinal. [Hurley usa o braço para enxugar o suor.]
JACOB: Você está com tinta na testa.
HURLEY: Eu estou com tinta na testa? É tudo que você tem pra dizer? Jack quebrou o seu farol, cara. "Missão descumprida". Seja lá quem você disse precisar da nossa ajuda para chegar na ilha, está totalmente ferrado.
JACOB: [despreocupado] Bem, tenho certeza que eles encontrarão alguma outro jeito.
HURLEY: Então... tudo que você queria que eu fizesse, não foi feito, e você nem se importa?
[Jacob olha para Jack sentado a uma certa distância.]
HURLEY: Espera um minuto. Você queria que o Jack visse o que estava naquele espelho? Por quê?
JACOB: Era a única forma dele entender o quão especial ele é.
HURLEY: Esse era o seu plano? Acho que não deu certo, cara.
JACOB: Jack está aqui porque precisa fazer algo. Ele não pode ser informado do que é. Ele precisa descobrir sozinho. Algumas vezes, você pode apenas subir no táxi de alguém, e dizer o que ele deve fazer. Outras vezes, você precisa deixá-lo olhar o oceano por um tempo.
HURLEY: Bem, da próxima vez, que tal me contar tudo com antecedência. Eu não sou fã de planos secretos, ok?
JACOB: Eu não poderia arriscar você não vir, Hugo. Eu tinha que deixar você e o Jack o mais longe possível daquele templo.
HURLEY: Como? Por quê?
JACOB: Porque alguém está indo para lá. Alguém mal.
HURLEY: Cara, temos que avisá-los!
JACOB: Não pode avisá-los, Hugo. Lamento, é muito tarde.
--
[Na tenda, Jin está olhando o corpo de Justin. Claire se aproxima.]
CLAIRE: Olha, se eu não o matasse, ele teria me matado. Que bom que você não o desamarrou.
JIN: Claire, por favor, o que estiver pensando...
CLAIRE: Por que você disse que Kate estava criando o Aaron? [dando água para Jin]
JIN: [bebendo] Eu estava mentindo.
CLAIRE: Por quê?
JIN: Porque eu queria salvar a vida dele. Mas, você está certa. Os outros estão com seu bebê. Aaron está no templo, eu sei porque eu o vi. Mas, você vai precisar de mim para chegar até ele.
CLAIRE: Como nós entraremos?
JIN: Tem uma passagem secreta. Ninguém irá nos ver.
CLAIRE: Obrigada, Jin. Estou feliz por saber que você estava mentido porque... se o que você disse fosse verdade, se Kate estivesse criando o Aaron... eu a mataria.
[De repente, "Locke" entra na tenda.]
"LOCKE": estou interrompendo?
JIN: John?
CLAIRE: Este não é o John. Este é o meu amigo.
[O inimigo sorri.]
LOST